Psicóloga e neurologista defendem que é preciso saber administrar o uso da tecnologia e destacam que avanços também apresentam recursos positivos, como aplicativos de meditação e que facilitam o lazer e bem-estar.
Se você está lendo este texto é claro que a tecnologia faz parte de sua vida. Com a expansão da internet e a popularização dos smartphones, aplicativos e redes sociais, é praticamente impossível, em pleno século 21, ficar desvencilhado desse mundo high tech. Quando o assunto é estresse, então, o fato de vivermos conectados é comumente apontado como um fator negativo. Profissionais ouvidos pelo G1, no entanto, garantem que na balança entre o bom e o ruim, os dispositivos tecnológicos pendem para os dois lados – basta saber usá-los.
A pedido da série ‘Des_Equilíbrio’, exibida pela EPTV, afiliada TV Globo, uma psicóloga e um neurologista elaboraram duas listas para explicar como a tecnologia pode aumentar o estresse ou como pode ser utilizada para amenizar seus efeitos negativos. [veja abaixo]
Professora de psicologia da PUC, Rita Khater defende o uso da tecnologia com equilíbrio, para que não ocorra “dependência”.
“É a forma como você usa que influencia. A tecnologia pode ser extremamente adequada para lidar com o estresse, como em uma rede de amizade, em um relacionamento interpessoal, mas pode ser usada de outra forma.”
Para a especialista, entrar “na pilha” só favorece os pontos negativos. “Não tenha a ansiedade de responder exatamente tudo o que chega. A tecnologia cobra soluções ágeis, mas tenha o seu ritmo, não fique ansioso”, orienta.
O neurologista Li Li Min, professor da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, lembra que um certo nível de estresse é essencial para o ser humano.
“O estresse é importante como um fator que cutuca, tira a pessoa do ponto de inércia. Graças a ele que nós estamos aqui no planeta Terra ainda. Se não tivéssemos esse ‘dispositivo’ funcionando, teríamos sido devorados por leões antigamente”, compara.
Sobre a aplicação tecnológica para controlar o estresse quando ele passa do ponto ideal e causa prejuízos à saúde e ao dia a dia das pessoas, Min destaca que há aplicativos desenvolvidos para isso.
“Há aplicativos que abordam questões técnicas, como a meditação, que são utilizados amplamente, sobretudo nos Estados Unidos. Alguns dão destaque para a respiração. São alternativas para aliviar o estresse. Mas tudo depende de como a pessoa usa isso, para não virar uma dependência e causar mais problemas”, opina.
Como usar a tecnologia para aliviar o estresse
- Para facilitar acesso ao lazer, com jogos, vídeos, filmes, séries e leitura
- Em aplicativos de meditação
- Terapia online
- Home Office (desde que respeitando o período formal de trabalho, sem interferir nos compromissos pessoais)
- Para se manter atualizado
- Para aproximar as pessoas. Grupos de conversas e redes sociais são facilitadores da afetividade
Como a tecnologia piora o nível de estresse
- Quando existe compulsão, aprisionamento. “Quando você tiver um ser humano na sua frente, interagindo com você, não troque pela tecnologia”, diz Rita.
- Em casos onde a pessoa “foge” da realidade e constrói uma imagem/situação baseada em algo fictício. A decepção e o nível de estresse são grandes quando há o choque de realidade.
- Quando a pessoa vive a vida de outras pessoas, curtindo e acompanhando todos os passos, e deixa de viver a própria vida.
- Quando a pessoa não desgruda da ferramenta. Exemplo: fica com o celular o tempo todo, na hora das refeições, quando vai para a cama dormir, etc.
- O barulho do celular desvia sua atenção? Fique atento…
- Quando há necessidade de uma curtida para elevar a autoestima adequada; fica dependente das curtidas e número de seguidores.
- Em jogos ou atividades que estressam pelo compromisso de ter que vencer. Há risco de virar compulsão.
- Quando há brigas por fofocas em grupos de conversa; ou mesmo com a discussão de temas como religião e política com todas as pessoas do grupo.
Por G1 Campinas e Região
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