UFCG, UFPB e IFPB manifestam preocupação e detalham que setores serão afetados em cada uma delas. Governo Federal quer cortar 18,2% do orçamento de todas elas.
UFCG foi a primeira a se manifestar na Paraíba, por meio de seu vice-reitor — Foto: Marinilson Braga/UFCG/Arquivo
As instituições de ensino superior com sede na Paraíba reagiram nesta terça-feira (11) à decisão do Governo Federal de realizar um corte linear de quase 20% nos orçamentos de 2021 de universidades e institutos federais de todo o país. Representantes da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e do Instituto Federal da Paraíba (IFPB) foram unânimes em dizer que os cortes devem afetar o ensino e a pesquisas no próximo ano. Os cortes são de 18,2% e devem acarretar numa redução superior a R$ 1 bilhão em todo o território nacional.
O corte foi confirmado nessa segunda-feira (10), mas a decisão ainda precisa passar pelo Congresso Nacional. O Governo comunicou a decisão à Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), que por sua vez repassou a informação às instituições de ensino de todo o país por meio de ofício circular.
O primeiro a se manifestar no estado foi o vice-reitor e secretário de Planejamento da UFCG, Camilo Farias, ao declarar que o valor afeta os chamados recursos discricionários em três áreas principais: assistência estudantil, manutenção e funcionamento da instituição, e recursos aplicados em patrimônio.
“Ainda vamos nos reunir para saber como vamos sobreviver a esse corte que compromete quase 20% do ano”, lamentou o vice-reitor.
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Circular da Andifes confirma corte orçamentário nas universidades federais — Foto: Reprodução / Andifes
Camilo lembrou que em 2019 já houve o contingenciamento de valores, mas que pouco a pouco a verba acabou sendo liberada. Agora, no entanto, o corte é no orçamento em si e não se trata de mero bloqueio.
Na questão de assistência estudantil, bolsas acadêmicas deverão sofrer cortes. Áreas como conservação e limpeza, portaria, motorista, vigilância patrimonial e apoio administrativo, pagamento de contas de energia, água e telefone também devem ser afetados. Além disso, o corte atinge setores como manutenção predial, manutenção de veículos e equipamentos, combustível, passagens e diárias, obras, mobiliário, compra de livros e de equipamentos de laboratórios, entre outros.
Uma preocupação adicional é com relação à pandemia da Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus. Camilo Farias explicou que, em um eventual retorno das aulas presenciais em 2021, vai ser preciso adotar um protocolo de biossegurança que é caro. Mas que, apesar disso, deverá ser aplicado mesmo com corte orçamentário.r
“Vamos ter avaliar como vamos atuar”, resumiu.
UFPB quer preservar estudantes
A UFPB, por sua vez, vai apelar para verbas extra-orçamentárias, que poderão ser conseguidas via emendas de bancada no Congresso Nacional. É o que garante a reitora Margareth Diniz, ao admitir que a situação é “bem preocupante”.Ao contrário da UFCG, contudo, a UFPB pretende manter inalterada a parte de assistência estudantil. “Vamos preservar a assistência estudantil e o repasse para os 16 centros da instituição e para as pró-reitorias. A ideia é retirar recursos de outros setores para manter as pesquisas funcionando”, pontuou Margareth, que avisou que não haverá novas obras e compras de equipamentos enquanto a situação perdurar.
É de onde vai sair as compensações, ela garante. Mas explica que, via emendas de bancada e verbas de instituições de fomento, conseguirá finalizar a reforma da Biblioteca Central e a construção do Laboratório de Energias Alternativas e Renováveis.
Ainda de acordo com a reitora, a UFPB deverá perder R$ 26 milhões de custeio e R$ 1,5 milhão de capital, valores que servem para diferentes destinos no cotidiano da comunidade universitária. “A gente já vinha numa defasagem orçamentária grande. Vai ser preciso planejar”, pontuou.
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Reformas da Biblioteca Central será concluída, garante a reitora da UFPB — Foto: Felipe Gesteira/Jornal da Paraíba
Olho no Congresso Nacional
“São 30 mil estudantes que formam hoje a comunidade IFPB. Trabalhamos em todas as modalidades de ensino, começando no ensino Médio e indo até a pós-graduação. Fomento de pesquisa e de extensão, gastos com manutenção e serviços terceirizados serão muito afetados se o corte passar no Congresso”, concluiu, em tom preocupado.firmado, ele se apega na possibilidade do corte ser revertido.Assim, resolve apelar à bancada federal paraibana em especial e a todos os deputados federais e senadores do país de uma forma mais geral.
“O Governo já avisou do corte para as instituições. Mas agora precisamos sensibilizar o Congresso para que os parlamentares entendam os prejuízos que teremos se isso se concretizar”, pontuou.
Pablo lembrou que o IFPB possui atualmente 21 campi espalhados por todas as regiões da Paraíba e que um corte de quase 1/5 do orçamento é muito danoso para o funcionamento da instituição.
“São 30 mil estudantes que formam hoje a comunidade IFPB. Trabalhamos em todas as modalidades de ensino, começando no ensino médio e indo até a pós-graduação. Fomento de pesquisa e de extensão, gastos com manutenção e serviços terceirizados serão muito afetados se o corte passar no Congresso”, concluiu, em tom preocupado.
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Sede do IFPB de Itaporanga, no Sertão paraibano: instituição está em 21 municípios — Foto: Patrícia Nogueira de Carvalho Pinto/Divulgação
Por Phelipe Caldas, G1 PB
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