Reveja sua lista de reclamações mais frequentes, elas podem estar envenenando sua vida
Reclamações frequentes podem estar envenenando sua vida e afastando as pessoas — Foto: https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=24781705
No dia 7 de agosto, Caetano Veloso completou 77 anos. Na véspera, o cantor, compositor e escritor postou nas redes sociais: “Eu sigo ‘moleque’. Eu sei que sou velho, mas estou curioso para experimentar a velhice. A verdade é que, se não houver muitas desvantagens, nunca se é velho: a pessoa que você é ainda é o que você tem sido”. Observação tão simples quanto genial. Que tal “caetanear” e fugir do senso comum de que idosos passam boa parte do tempo se queixando?
É verdade que, com a idade, a maioria tem que lidar com doenças crônicas, apertos no orçamento, a perda de amigos. No entanto, há também pequenos prazeres e descobertas – e falo isso sem dar uma de Pollyanna, a personagem de um romance do início do século passado que, mesmo no meio das maiores adversidades, sempre encontrava uma razão para se alegrar. O segredo é “mudar a chave” e não deixar a experiência acumulada durante décadas se transformar em ranzinzice.
Um bom primeiro passo é não permitir que as mazelas de saúde ocupem toda a conversa. Quem administra bem um ou mais doenças crônicas, tomando os medicamentos corretos sob a supervisão de um médico, mantém sua qualidade de vida inalterada. Ou quase. Portanto, não faz sentido discorrer ininterruptamente sobre bulas, medições de pressão e testes de glicose. Difícil? Pode ser, mas vale o esforço, porque seus interlocutores agradecerão. A propósito, um santo remédio é exercitar-se (pelo menos caminhar) e estar ao ar livre, em contato com a natureza.
Etapa seguinte: diminua a lista de reclamações. Para começar, sobre a meteorologia: o inverno tem dias frios, o verão é escaldante. Proteja-se e curta o melhor das estações, porque se lamuriar só vai fazer com que pareçam mais longas. Outro item que renderia um tratado: as filas. Evite os dias de maior movimento para ir ao banco e use a tecnologia a seu favor, instalando aplicativos que poupem seu tempo. Com alguma organização, você não será surpreendido com a geladeira vazia, a conta que não foi paga, a medicação que acabou. E se não estiver se sentindo bem, nem pense em encarar uma fila, a menos que seja para ser atendido num posto de saúde ou setor de emergência – nesse caso, faça valer o Estatuto do Idoso!
Crianças e adolescentes de hoje: para ser justo, mergulhe em sua memória e lembre-se que você também fez bagunça e barulho; talvez tenha fumado e bebido muito cedo e às escondidas; e provavelmente correu riscos desnecessários. Em vez de criticá-los, encoraje-os. Por que não aprender sobre o que gostam de fazer para compartilhar experiências? Temos que confiar e lhes dar crédito, pois o futuro é deles.
Por G1
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Jornalista, mestre em comunicação pela UFRJ e professora da PUC-RIO, Mariza escreve sobre como buscar uma maturidade prazerosa e cheia de vitalidade.
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