Na Romaria da Penha, a fé vai guiando os passos de quem caminha por uma prece, um agradecimento, uma devoção. O evento já é uma tradição, e completa 254 anos em João Pessoa.
São 254 anos de devoção, de rezas e homenagens, mas a Romaria tradicional acontece há cerca de 120 anos.
Milhares de pessoas se reúnem. Enquanto caminham, olham para a imagem da Santa. Cantam, rezam. A emoção fica difícil de controlar. Quando se lembra da Romaria, a vendedora Luciene Cândido não consegue se conter.
“Só em falar fico muito emocionada. Eu não sei nem como explicar. Uma paz, uma tranquilidade, uma emoção de estar ali vivendo aquele momento não tem igual, é especial”, conta ela.
As lágrimas são de felicidade, gratidão. Luciene participa da Romaria há cinco anos, já fez muitas preces, pagou promessas. Agora, é hora de agradecer. “O que pedir eu não tenho. Todos os pedidos foram atendidos. Acho que fui bem agraciada por ela [Nossa Senhora da Penha]”, afirma.
Depois de um susto, o digitador Allyson Sales também se diz agraciado. Em 2015, o jovem foi diagnosticado com hepatite aguda. Ele, que há 15 anos acompanha religiosamente a passeata, se viu impossibilitado de ir.
“Essa doença surgiu do nada. Me pegou de repente, eu não tinha motivação para nada, não queria viver mais”, desabafou Allyson. Mas segundo ele, conseguiu alcançar a graça de ser curado. Desde lá, há mais alegria em cada passo que caminha nos quilômetros da procissão.
Além de agradecer pela saúde restaurada, o pedido de Allyson esse ano é simples: “A minha saúde, para que eu sempre tenha saúde para acompanhar a Romaria”, admite.
Devoção desde a infância
Ainda pequeno, Ronaldo Brito era levado pela mãe para a Romaria. Participava, mesmo sem entender muito. O hábito perdurou, e já tem trinta anos que Ronaldo não deixa de comparecer.
“Eu vou pela fé, a fé que tenho em Deus, em Nossa Senhora”, afirma. A fé de Ronaldo foi fundamental quando sua mãe ficou doente. Pelo intermédio de Nossa Senhora, Ronaldo acredita que Deus concedeu a cura para ela.
Outro motivo para comemorar. Junto com o trabalho, o apartamento de Ronaldo também foi fruto da fé. Mas nem tudo são flores. Ronaldo é um dos milhões de brasileiros que não conseguem encontrar trabalho formal. Na Romaria de 2017, ele vai pedir que Nossa Senhora da Penha interceda por uma vaga de emprego.
E apesar da dificuldade enfrentada, o devoto consegue ver o lado bom em todas as coisas. “A maior alegria é essa porque é mais um ano que a gente termina com saúde sem problema nem na família nem com conhecidos”, analisa.
Sendo agraciado, pedindo ou pagando promessas, isso não é tudo. “O que vale mais é a alegria de ter participado e dizer assim: ‘cheguei até aqui”, conclui Ronaldo.
Mais PB
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