De origem grega, o nome significa ‘parte final’: os telômeros são as extremidades dos cromossomos e têm a função crucial de proteger o DNA que está nas nossas células.
Conter o envelhecimento das células não necessariamente leva a um efeito anti-idade ‘estético’ (Foto: Arek Socha/Pixabay )
O nome e a origem são do grego – significa “parte final”, exatamente o que são os telômeros: as extremidades dos cromossomos, como aquelas pontas de plástico dos cadarços do tênis. Eles são partes do DNA muito repetitivas e não-codificantes – sua função principal é proteger o material genético que o cromossomo transporta.
Na medida em que nossas células se dividem para se multiplicar e para regenerar os tecidos e órgãos do nosso corpo, a longitude dos telômeros vai se reduzindo e, por isso, com o passar do tempo, eles vão ficando mais curtos.
Quando finalmente os telômeros ficam tão pequenos que já não são mais capazes de proteger o DNA, as células param de se reproduzir: alcançam um estado de “velhice”.
Por isso, a longitude dos telômeros é considerada um “biomarcador de envelhecimento chave” no nível molecular, embora não seja o único. Nos últimos anos, esse aspecto tem chamado a atenção de diversos pesquisadores.
Qual é o tamanho dos telômeros e em quanto tempo eles se deterioram?
A longitude dos telômeros é medida em “pares de base”, que são os pares de nucleotídeos opostos e complementares que estão conectados por ligações de hidrogênio na cadeia do DNA. A longitude dos telômeros varia muito entre espécies distintas.
No caso dos humanos, a longitude dos telômeros se deteriora passando de uma média de 11 quilobases no nascimento para cerca de 4 quilobases na velhice.
É possível intervir nos telômeros?
Em 2009, três pesquisadores americanos obtiveram o prêmio Nobel de medicina por seu trabalho sobre o envelhecimento das células e sua relação com o câncer.
Elizabeth Blackburn, Carol Greider e Jack Szostak pesquisaram os telômeros e descobriram que a enzima telomerase pode proteger os cromossomos do envelhecimento – pode fazer com que eles regenerem os telômeros e, assim, prolongar a vida deles.
Essa enzima ajuda a impedir o encolhimento dos telômeros com a divisão celular, o que ajuda a manter a juventude biológica das células.
Grande parte das pesquisas sobre telômeros não tem a ver com uma aspiração estética de longevidade, mas sim com a potencial cura de doenças.
A espanhola María Blasco, que trabalhou nos Estados Unidos com Greider, agora é diretora do Grupo de Telômeros e Telomerasa do Centro Nacional de Pesquisas Oncológicas da Espanha.
Blasco liderou o desenvolvimento de uma nova técnica que bloqueia a capacidade do glioblastoma, um dos cânceres cerebrais mais agressivos, de se regenerar e reproduzir, atacando precisamente os telômeros das células cancerígenas.
Em testes com ratos, a equipe dela conseguiu reduzir o crescimento dos tumores e aumentar a sobrevivência dos animais, algo que poderia abrir as portas para alternativas potenciais de tratamento em humanos.
Mas Blasco e sua equipe continuam pesquisando também com estratégias invertidas, conforme explicou à BBC.
A intenção é ativar a telomerase de uma forma que seja possível curar pessoas que estão morrendo de doenças raras por mutações genéticas associadas a telômeros muito curtos.
Segredo da juventude?
Mas conter o envelhecimento de células não necessariamente tem como consequência um efeito anti-idade em todo o corpo.
Segundo a médica Carmen Martin-Ruiz, pesquisadora sobre envelhecimento do Instituto de Neurociência da Universidade de Newcastle, na Inglaterra, o tamanho dos telômeros de uma pessoa pode determinar o quão “forte” ela é biologicamente.
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