Treinador pede postura diferente dos protagonistas da bola no debate sobre a volta do futebol em meio ao coronavírus. Técnico analisa futuro no Alvinegro e negociação com Yaya Touré
Técnico cobrou posição dos protagonistas da bola — Foto: Vitor Silva/Botafogo
O técnico Paulo Autuori criticou a postura de jogadores e técnicos de futebol no debate sobre a pandemia do novo coronavírus. Para o treinador do Botafogo, “falta iniciativa” dos grandes personagens da bola nas conversas sobre o futuro do esporte, que tem competições interrompidas há quase dois meses.
– Você não pode tomar nenhuma decisão sem escutar os jogadores, os treinadores, toda a gente do futebol. Essa é a grande crítica que eu faço ao futebol brasileiro. Acho que falta iniciativa, porque a classe de jogadores tem uma força muito grande. Talvez não saibam a força que têm. Meu sonho é que se habilite o jogador para ver um na presidência da CBF. Alguém que vá lá fora e seja reverenciado. Temos muitos jogadores com esse poder, mas precisam se habilitar – disse em entrevista ao Troca de Passes, do SporTV.
O comandante detalhou, também, a situação do Alvinegro no meio da crise de saúde. Há pouco mais de uma semana, o clube demitiu mais de 40 funcionários. No futebol, o elenco não tem trabalhos em grupo desde o dia 15 de março. Autuori, no entanto, comemorou o bom resultado da contratação do japonês Honda, que, segundo o treinador, já deu retorno suficiente para ajudar o clube a pagar salários.
– É um clube com um ambiente extraordinário e ótimos profissionais. O momento não é fácil, mas a vinda do Honda trouxe aumento de sócio-torcedor, possibilidade de saudar algumas dívidas salariais… Assim como a experiência com o Seedorf foi muito produtiva. É importante que o torcedor compre essa ideia – afirmou.
– É algo que nos deixa muito sensíveis (a série de demissões). Está acontecendo no futebol e em todo o mundo corporativo por conta da Covid-19. De qualquer maneira, os clubes têm que cuidar muito melhor das próprias gestões. No momento, as coisas estão ainda mais debilitadas. É muito duro – completou.
Mais respostas de Autuori
Busca por Yaya Touré e Obi Mikel
Temos vontade de ter grandes jogadores, mas temos um grupo que respeitamos. Podemos crescer com ele. Se conseguirmos agregar mais competitividade, melhor. Mas, temos que viver na realidade. Não quero pensar em coisas que podem vir a acontecer.
Futuro no Botafogo
Quero ser gestor técnico, o que não tem a ver com diretor executivo. Quero estar junto da parte técnica, das outras categorias… Esse é o meu objetivo. No momento, dei um passo ao lado devido ao momento. E devo muito a essa instituição, tenho gratidão. Eu não seria nada sem o Botafogo. Dentro dessa perspectiva, com o Botafogo querendo se tornar um modelo que ainda não é comum no Brasil, tomei essa decisão. Achamos que é importante essa contribuição no momento, mas todos no Botafogo sabem do meu objetivo.
Luta contra a Covid-19
É uma coisa que rolou no mundo todo. Temos que superar de alguma maneira. Não é fácil abrir mão de coisas que estávamos habituados. Mas, acho que futebol é vida. E é de vida que precisamos. Então, temos que preservá-las. Não dá para pensar o futebol de maneira isolada. Não é um mundo à parte. Temos que entender isso.
Outra coisa é que estão confundindo muito vontade com necessidade. Claro que há vontade de todo mundo de voltar a trabalhar, mas a necessidade nos faz entender que não é o momento. Temos casos de clubes que voltaram e precisaram parar. É preciso cuidado, porque estamos falando de vidas.
1995 é data proibida?
Participei daquilo e não gosto de ficar falando muito. Foi outro momento, com profissionais de alto nível que passaram por muitas dificuldades. Não quero ficar vivendo o que já passou, já está na história do clube. Hoje, temos que pensar em conseguir outra conquista para fazer o Botafogo ainda mais gigante. Vamos trabalhar para ter uma trajetória condizente com essa história. E isso só vai acontecer com muito trabalho, será difícil.
Por GloboEsporte.com — Rio de Janeiro
Discussion about this post