O ano de 2018 será marcado pela incerteza eleitoral, só comparável à das eleições de 1989, e também pelos novos capítulos da Lava Jato, maior operação contra a corrupção no Brasil que entrará em sua “batalha final”.
Enquanto os próprios procuradores apontam 2018 como o ano que definirá o futuro da luta contra corrupção no país, a política dependerá de respostas para questões levantadas justamente em consequência da operação.
O descrédito do Congresso e as sequelas da Lava Jato terão ou não impacto no tamanho das bancadas? O PMDB, o PSDB e o PT podem perder cadeiras. Se isso acontecer, a Câmara dos Deputados ficará ainda mais fragmentada e formada por partidos médios e pequenos?
Em outras palavras: o Congresso permanecerá com o atual perfil de ter dois ou três “partidões” e vários médios, pequenos ou nanicos? A composição do Congresso é fundamental para se saber como será formada a coalizão de governo pela pessoa que se eleger para governar o Brasil.
Nas eleições presidenciais o país viverá um quadro inédito. Pela primeira vez nos 29 anos de diretas para presidente, há dúvidas sobre a presença de um candidato favorito, não porque ele ainda não anunciou a candidatura, mas porque ela poderá ser impedida por decisão judicial.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou a intenção de concorrer, está na frente em todas as pesquisas pré-eleitorais, mas poderá ser enquadrado na lei da ficha limpa, caso seja condenado em segunda instância (o julgamento está marcado para o final de janeiro).
Sem Lula como candidato, o país deverá ter uma eleição fragmentada e muito competitiva, como a de 1989, com quatro ou até cinco candidatos disputando palmo a palmo a ida para o 2º turno.
Neste caso, podem ir para o embate final dois nomes com menos de 25%-30% dos votos, colocando, assim, todos os pré-candidatos mais falados em condições de chegar a esse patamar.
Em meio a esse quadro, outra fonte de incerteza político-eleitoral se sobressai em 2018 e a partir deste ano: a possibilidade de novas investidas do Congresso contra a Lava Jato.
Uma questão levantada por procuradores – inclusive publicamente – é se o resultado final da eleição poderá gerar novos movimentos políticos contra a operação, como a desfiguração das 10 medidas contra corrupção ou a tentativa de anistia do Caixa 2.
A renovação do Congresso e do Executivo responderá a essa pergunta. O fato é que há um impacto recíproco entre a eleição e o combate à corrupção. A Lava Jato pode afetar o resultado da eleição e a eleição pode afetar os capítulos finais da Lava Jato. Esse é o ponto mais crucial no ano que começa.
Nas retrospectivas passadas, afirmei que o combate à corrupção ia avançar e que a crise econômica e política permaneceriam – com o alto índice de desemprego levando à incerteza para dentro das famílias. E foi o que houve.
Agora, na economia, o que se pode afirmar é que o país está saindo da crise econômica e o PIB pode crescer até 3%. O desemprego, o pior problema, vai melhorar, mas devagar. O total de brasileiros procurando emprego ainda será muito alto.
E é com tanta incerteza na política que a economia poderá voltar a oscilar – ainda que num quadro melhor do que nos dois anos anteriores. O resultado da eleição vai determinar justamente a continuação do crescimento, mas como em 1989, ainda há um grau altíssimo de incerteza.
Por G1
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