Durante muito tempo, as cirurgias causaram uma enorme taxa de mortalidade e grande sofrimento, ao invés de salvar vidas; parar o sangramento excessivo foi o primeiro grande desafio para os médicos.
As práticas cirúrgicas como conhecemos surgiram apenas no final do século 19 — Foto: Pixabay
A cirurgia é uma das práticas médicas mais antigas de que se tem conhecimento. De fato, foram encontrados indícios de operações realizadas até 6.500 anos antes de Cristo.
Mas durante séculos esses procedimentos foram atos grosseiros e desesperados, frequentemente realizados de maneira desastrosa.
Longe de salvar vidas, durante muito tempo as cirurgias causaram uma enorme taxa de mortalidade e grande sofrimento.
Nos primórdios, a cirurgia era um último recurso, algo a ser feito apenas quando já não havia alternativa para salvar os pacientes.
Alguns dos “especialistas” que realizavam esses procedimentos nem eram médicos. Por volta do ano de 1500, os cirurgiões eram geralmente barbeiros.
Apenas no final do século 19, operações mais semelhantes às que conhecemos hoje começaram a ser realizadas. Algumas fontes médicas afirmam que apenas a partir do século 20 as chances de morrer após uma cirurgia passaram a ser menores que as de sobreviver.
Atualmente, as cirurgias são realizadas com técnicas minimamente invasivas, o que reduziu os tempos de recuperação e melhorou muito as taxas de sobrevivência.
Mas para chegar a essas cirurgias seguras e eficazes foi necessário superar vários desafios. Aqui, contamos quais foram os três principais problemas e como eles foram resolvidos.
1 – Como parar a perda de sangue
Por muito tempo, sangrar até morrer foi um dos principais riscos de se submeter a uma cirurgia.
Parar a perda de sangue durante uma cirurgia é fundamental: se o corpo humano perde mais de 20% de seu sangue pode sofrer um choque hemorrágico, que é quando o coração diminui a velocidade dos batimentos e passa a circular uma quantidade insuficiente de sangue pelo corpo.
Quando isso acontece, a pressão arterial cai e há uma queda significativa na temperatura corporal.
Se o corpo perder mais de 40% de seu sangue, todos os órgãos começam a se fechar e a pessoa provavelmente morrerá.
Os primeiros que encararam o problema da perda de sangue foram os cirurgiões militares, já que um dos seus principais desafios era evitar o sangramento de feridas durante a guerra.
Inicialmente, eles apelaram para métodos antigos, como a ligadura – fechamento permanente de um vaso sanguíneo por meio de sutura -, originalmente praticada pelos médicos da Grécia Antiga.
O torniquete foi desenvolvido no século 16 para tratar amputações.
A cauterização, usando uma ferramenta metálica aquecida no fogo para fechar a ferida, também foi utilizada.
As técnicas de doação de sangue só se popularizaram recentemente — Foto: Pixabay
Mas nenhuma dessas técnicas funcionaria caso já tivesse havido uma perda significativa de sangue.
O que realmente resolveu o problema foi a transfusão de sangue, que só foi possível depois que Karl Landsteiner descobriu, em 1901, que os grupos sanguíneos devem ser compatíveis para que o sangue possa ser compartilhado.
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